cá estamos
(2009-presente)
Tenho fotografado pessoas amigas e conhecidas de forma indisciplinada e despretensiosa. Quando a oportunidade de fazer uma foto se apresenta, fico com a sensação 'reconfortante de passos humanos, em torno da solidão'.
"tão difícil
ter um corpo
saber da morte
difícil
usar a língua
alcançar a extremidade
atravessar o oceano
tão difícil
avistar o cais
olhar as luzes
difícil
o desprendimento
ir até o último gole
permanecer respirando
tão estranho
as mãos dadas
o amor na curva
estranho
o espelho a frente
o pó no rosto
mapa aberto
tão estranho
contar quilômetros
enumerar vestígios
estranho
abrir a porta
explicar o frio
enganar o acaso
à parte isso
com isso
mesmo assim
cá estamos"
Francisco Mallmann